9 de abril de 2015

Desapego




A vida é feita de escolhas... mesmo que por vezes possamos achar que são imposições de uma qualquer força ou ser perverso que controla o Universo...a vida é feita de escolhas. Desde  pequenos que escolhemos brincar com este ou aquele brinquedo, com este ou aquele amiguinho da escola ou não fazer algo de todo, seja pura e simplesmente porque não temos vontade ou porque não há nada que nos estimule do outro lado. E assim crescemos, com a mesma demanda: fazer aquilo que nos faz sentir melhores (ou não...isto agora depende do masoquismo/opção retorcida/sacrificio de cada um) mesmo que por vezes o estarmos bem connosco signifique culpar um alinhamento qualquer dos astros para justificar o não estar à altura das expectativas dos outros. Aprendemos a deixar coisas, vivências e hábitos pelo caminho, qual projectos inacabados sem, na grande maioria das vezes, aceitarmos qualquer responsabilidade por isso, apenas porque sim, porque escolhemos sair na próxima à direita ou à esquerda e explorar novos horizontes. Aqui ou ali numa dada estação de serviço paramos e repensamos no caminho que já fizemos até ali e no rol de coisas que escolhemos fazer e num relance lembramos-nos daquela pessoa, coisa ou ideia que a dada altura deixamos ficar para trás sem já saber porquê. Apenas foi assim...ficou perdida algures num conjunto de decisões e escolhas que nos pareceram mais pertinentes, mais interessantes mais satisfatórias para o nosso eu. 
Ás vezes custa apercebermos-nos que deixámos ficar para trás coisas que até nos eram bastante valiosas e que faziam muito sentido na altura. Nestas alturas, num rasgo de desespero tentamos encontrar uma rotunda que nos permita rapidamente voltar aquele pedaço de caminho e recuperar a tal mais valia que de repente nos lembrámos. Porém, o mais certo é não encontrar a tal rotunda ou mesmo quando a encontramos e finalmente chegamos ao tal local aquilo que procurávamos já lá não está...ou então já não é como o lembrávamos. E depois é o ruir de uma lembrança, o cair do pano...o ter de aprender a deixar para trás...a viver com a memória e seguir em frente...o desapegar daquilo que escolhemos deixar para trás.

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