28 de março de 2012

O que é meu

O que é meu é aquilo que me vai na alma, aquilo que me faz optar por isto ou por aquilo, que me liberta e que me prende. Por estes dias houve um pensamento que me fez rever algumas coisas, alguns monstrinhos que viviam algures numa caixa que guardei no quarto  escuro das lembranças e que de uma forma disfarçada me iam atormentando ou condicionando. Lembrei-me daquela altura, da razão pela qual fujo, desconfio, não me dou, lembrei-me de te ver partir e da dor da espera. Lembrei-me que mesmo depois dos períodos de ausência o teu regresso embora de felicidade extrema, começou a criar aquele receio e inquietação de uma nova partida de um novo "vácuo" na minha vida, nos meus dias. Hoje, volvidos todos estes anos, muito pouco mudou, talvez apenas o facto de saber onde estás ao certo, mas a tua falta continua a fazer-se sentir e insiste em parar-me no tempo, desviar-me da crença de que de uma forma  ou de outra as pessoas arranjam sempre maneira de nos fazer alguma (de nos puxar o tapete como é hábito dizer). Reconheço que as tuas escolhas me tornaram tão mais forte e tão fraca na mesma medida. Cravas-te em mim o cunho da racionalidade, da consciência e consequência, da responsabilidade acrescida para comigo e para com aqueles que de mim tiveram de começar a depender, impuseste-me (mesmo de forma tão inconsciente) a dureza e a distância da vida que seria normal e natural para tão tenra idade. Porém...tudo isto criou um outro lado, o lado da insegurança, da desconfiança, da ansiedade que provoca o medo do abandono. Sim, passado tanto tempo, finalmente percebi que é isso que me reprime, é isto que não me deixa resolver-me é este receio tão estúpido que me torna emocionalmente inconstante. E agora o que faço? O que sempre fiz, sigo em frente e tento fazer com que mais uma vez os teus erros não me afectem (dar a volta por cima como é hábito, tas a ver?!). Resumindo, volto a reinventar-me e tentar sair deste estado de desconfiança generalizada...leva tempo...sempre levou, mas também...foram precisos 21 anos para me aperceber do que as tuas escolhas tinham feito de mim! 

(Sei que muitos de vocês não vão perceber este post, talvez porque seja de todos o mais intimo...é basicamente um "ganda desabafo")

1 comentário:

  1. Não sei se percebi ou não mas percebi que escreves bem para caraca. Até me emocionei, verdade seja dita.

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