24 de fevereiro de 2012

Há dias assim

Hoje foi um dia diferente. Fiz o que já não fazia há umas boas semanas...fui a casa. Soube bem, sentir aquela felicidade de quem volta ao lar que só senti quando regressava da Covilhã ou de Guimarães depois de meses complicados de vida académica. Soube bem ver-te. Estás um bocado envelhecida, pela primeira vez percebi rugas na tua face, dei-me conta que os anos estão a passar por ti, que já não te mexes com o mesmo vigor e com a mesma sagacidade de outros tempos. No entanto, essas mãos continuam a fazer os melhores manjares e o melhor pudim do mundo. Mesmo cansada, mesmo quando o teu corpo não te deixa fazer tudo o que a tua cabeça deseja não tens baixado os braços, embora tenha sentido que a pouco e pouco te vais entregando aos sinais do tempo e te vais resignando a uma vida que não desejas-te para ti. Sei que querias ter feito muito mais, que queres um pouco mais da vida, quanto mais não seja o merecido descanso de quase 60 anos a ser capitão de um navio que já conta com bisnetos. Gostava de em pouco tempo dar-te uma ínfima parte daquilo que me deste, daquilo que me ensinas-te, daquilo que hoje sei que sou e que fizeste de mim. Dizer que te admiro, que quero ter metade da força que tens, que te amo tão incondicionalmente, que sem ti não sei ser eu, por vezes parece-me tão pouco perante o colosso que és na minha vida. Acho que a minha vida não vai chegar para agradecer tudo o que representas para mim, por isso tento a cada dia homenagear-te sendo o reflexo do que me ensinas-te. 
Hoje senti-me feliz, hoje foi um dia bom, hoje foi assim.

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